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quinta-feira

Patriotismo, em tempos de 15 de Novembro…



Era muito jovem quando aprendi que o cidadão deveria devotar especial sentimento, tanto à sua pátria quanto à bandeira e ao hino, como forma de adicionar seus interesses aos das outras pessoas, estabelecendo “um estado forte”, onde todos, ao viverem sob a influência das mesmas leis, as respeitassem, com um ânimo maior do que quem somente defende seus interesses, ambições e desejos particulares.
Em minha “meninice”, também assimilei que os reais amantes da pátria teriam condições de unirem-se entre si, e, juntos, influenciarem, para que os “tesouros realmente públicos não viessem a se tornar patrimônio de particulares”. Entendia ser este um sentimento que, ao lado das leis, deveria sustentar a democracia, fortalecendo meu Estado e minha Nação.
Ao adquirir a maturidade, oferecida pelos anos de vida, verifiquei que, em nosso país, essas verdades não possuíam sustentação sólida. A bandeira só é desfraldada em dias de jogos da seleção de futebol. “Ouviram do Ipiranga às margens plácidas” é uma canção cuja letra poucos declamam e a “pátria” só é respeitada quando se está “de chuteiras”, sem falar na permanente confusão “entre o público com o privado”, uma prática que o brasileiro, principalmente os que possuem poder de mando, dominam com desenvoltura tão exuberante, não encontrando competidor em quase nenhum lugar do mundo.
Aos quinze anos, tive a oportunidade de concluir o curso secundário no “Colégio La Serna”, em Los Angeles. Viviam os descendentes do “Tio Sam” os estertores da guerra do Vietnã. Ainda hoje não consigo esquecer que, nove em cada dez americanos, usavam, em seu pulso, um bracelete, onde estava escrito o nome de um soldado e, ao lado, a sigla, “pow” (prisioneiro de guerra) ou “mia”(morto em ação). Era, aquela, uma forma de demonstrar ao mundo o “orgulho” pelos que ofereceram a vida e liberdade à sua pátria.
Dias atrás, estive em Nova York, no dia 11 de setembro, dez anos após o atentado às torres gêmeas. O país inteiro chorava as vítimas daquela chacina. A frase “never forget” (nunca esquecerei) estava estampada em todos os quadrantes da cidade enquanto bandeiras americanas enfeitavam carros, lojas, edifícios, ruas, postes e calçadas. Os que morreram naquela ocasião deixaram de pertencer às suas famílias e passaram a ser “orgulho e heróis da nação”.
Enquanto isto, no Brasil, onde as flâmulas do Vasco e Flamengo tremulam mais do que o pendão verde e amarelo, onde “Neymar”, “Bruna Surfistinha” e “um monte de aloprados fichas sujas” são mais venerados do que “cientistas e pessoas do bem”, ações repugnantes prevalecem, retratando o país que se corrompe e enfraquece.
Nunca é tarde, porém, para recordar, o que Rui Barbosa um dia declarou: “A pátria não é ninguém, são todos. O patriotismo se apura e se cultiva pela prática das virtudes sãs e sólidas que formam os povos fortes e viris”.
Sobre o autor:
Alberto Rostand Lanverly
Professor da Ufal e membro da AML e do IHGAL

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