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quarta-feira

O conteúdo no centro das atenções


Os conteúdos escolares, resultantes dos saberes e conhecimentos científicos construídos ao longo da história, constituem uma das ferramentas do processo de ensino/aprendizagem.

No passado (décadas de 50 a 70), houve padronização destes conteúdos, proposta e controlada pelos Estados da federação. Hoje, a legislação não apresenta uma listagem oficial, muito embora, algumas mantenedoras ainda o façam para orientar seus sistemas de ensino. A Lei Federal apenas orienta a organização do
currículo e seus conteúdos, definindo a obrigatoriedade das quatro áreas do conhecimento, mas não impõem limites. Ao contrário, permite que os sistemas e as escolas decidam sobre o currículo escolar e seus conteúdos, levando-se em conta os Parâmetros Curriculares Nacionais.

A liberdade conferida pela Lei 9394/96 provocou forte impacto nos sistemas de ensino, provocando debate e posicionamento sobre a necessidade e relevância dos conteúdos escolares. Neste embate, os conteúdos passaram a ser previamente selecionados pelas editoras, que seguem orientações emanadas do PNLD/MEC e, posteriormente, reorganizados em função do tempo escolar, na montagem dos planos didáticos, representando uma redução no volume do conhecimento disponível aos estudantes.

Compreendendo os conteúdos escolares como uma parte do conhecimento humano e sistematizado em formato acessível ao estudante, devemos focá-los como elementos provocativos da aprendizagem, pois os conteúdos não são “fim”, mas “meio”. São parte das ferramentas de construção ou reconstrução dos sujeitos que aprendem. Não podem, portanto, ocupar o centro do processo ensino/aprendizagem, longe da crítica e da reflexão que devem suscitar, pois, ao contrário, retiram dos sujeitos o seu protagonismo. Desta forma, a aprendizagem, expropriada de
identidade, passa a ser mero treino e repetição.

Um currículo crítico e dinâmico deve atribuir significado aos conteúdos escolares. Sua definição/escolha nos planos pedagógicos devem ter nitidez frente aos objetivos da instituição de ensino e aos conhecimentos a serem produzidos pelos estudantes. Abdicar do significado (para que servem estes conteúdos) inibe o potencial dos estudantes e torna enfadonha a aprendizagem.

A escola deve compreender o mundo atual para dialogar com esta geração. O mundo tecnológico apresenta uma linguagem dinâmica que se adapta e se refaz, permanentemente. A internet encolheu as distâncias, tornou instantâneas as comunicações e reuniu todas as informações e conhecimentos disponíveis em poucos cliques. O “conteúdo” desejado se revela em diferentes formatos, como texto, vídeo, áudio ou de forma combinada, o chamado hipertexto, apropriado para leitura rápida ou para algumas horas de estudo e de acordo com o desejo e a necessidade do interessado. Neste novo formato de aprendizagem, o conteúdo tem significado por nascer do interesse do estudante e não da proposta do professor.

O problema, então, não são os conteúdos, mas o enfoque que assumem na proposta pedagógica. Ou tomam o seu centro, trabalhados e cobrados como fim em si mesmos, ou mediatizam a compreensão do mundo real, tecendo uma teia de relações e significados de forma dinâmica e interdisciplinar (interativa).

Esta última é a perspectiva que embasa a Reestruturação Curricular, em curso, proposta pela Secretaria Estadual de Educação do Estado do Rio Grande do Sul.

 Profª Neila Gonçalves Silva.
Coordenadora Regional de Educação da 18ª CRE

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