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terça-feira

Por que nos querem incultos?



A Educação, por muito tempo, foi silenciada por uma aura de inacessibilidade e incompatibilidade com o indivíduo que não possuía suntuoso valor social, hoje os considerados de baixa renda. Era enaltecida pelo fato de ser considerada uma ciência capaz de exprimir tudo sem os entraves da língua, para todos os grandes homens da nobreza e do clero. Porém, reservada para esses poucos. 

O silêncio parecia providencial e, quantos menos fossem os que tivessem acesso ao barulho estrondoso do conhecimento, menor o número dos poderosos detentores da lei e ordem.

Contudo, desde o início, a profissionalização dos professores foi marcada por relações de poder com os soberanos (especialmente nos reinados). A grande referência da educação clássica era regida na Grécia, passando por Roma, e estendendo-se por toda a Europa, ou qualquer lugar onde houvesse uma civilização que dependesse das políticas sociais.

 Essa digníssima função de mestre era indispensável na distribuição de papéis de importância na sociedade. Afinal, para ter um cargo público devia-se ter frequentado uma boa escola. 

 Assim, para ser político e estar incluído junto aos poderosos, era fundamental ter conhecimento de todas as artes e, imprescindível, ser um exímio leitor e escritor. Conhecer filosofia, sociologia, políticas públicas, línguas, ser conhecedor de cada palavra, além de ter domínio dos fundamentos de todas as outras ciências, como matemática, física, química.

Enfim, necessariamente, era preciso ser um “homem da classe”. Claro, que qualquer homem, mesmo aqueles da plebe poderiam tornar-se “homens sábios”, bastava ter competências e habilidades dignas dos melhores estudiosos na matéria. Portanto, teriam que ter um bom padrinho político. 

No senso comum, muita gente imagina que ser professor é uma pluralidade de experiências alimentadas por modos de pensar e de fazer, que se estendem do século V a.C ao XXI d.C.  Particularmente, no Brasil, essa imagem importada tornou-se uma referência idealizada. Mas, todo processo de colonização cultural é complexo e cheio de surpresas. Por isso, o que aconteceu com a Educação não foi diferente da catequese.  

Porém, a mutação que alavanca os últimos governos é extremamente oposta à matéria aqui exposta, de maneira radical e consciente. Pode-se dizer que a discussão mais potente que tem norteado a prática filosófica e o ativismo político, na esfera política contemporânea, é aquela de “manter tudo como está” a qualquer custo. 

   Especificamente em nosso País, a principal característica é o desinteresse pelos criadores dos programas pedagógicos, com o intuito de gerar cidadãos incultos, sem capacidade de produzir subjetividades e pensamentos críticos; e permitir a vontade de apenas mover seus corpos no espaço, de preferência até as urnas, mas sem desestabilizar as “certezas” e “convicções filosóficas” partidárias, deixando literalmente tudo no mesmo lugar.

Esta visão política tem como desafio lidar com os antigos hábitos cognitivos que ainda norteiam o comportamento de alguns espectadores. Estes, muitas vezes, ainda preferem assistir aos grandes espetáculos e assim, que venha o julgamento do mensalão, com uma bela transmissão por todos os canais da mídia. 

Também, o leilão da Petrobras que traz uma explosão de comentários em todos os meios de comunicação. Mas, o que ambos tem em comum? É a certeza que as cartas estavam marcadas. O revoltante é saber que o STJ não se preocupou em fazer audiências para julgar o cumprimento da lei do piso nacional dos professores.

Enquanto isso, os ministros-artistas mostram o quanto a “justiça” está comprometida com a política e, descaradamente, fazem espetáculos televisivos para firmar seus nomes na mídia ao invés de julgar o abstruso caso mensalão. Com tanto show de imagens e discursos hipócritas, que não há quem não conheça Joaquim Barbosa. Mas quem eram mesmo os condenados?

No entanto, a armadilha é objetivamente mudar a direção dos nossos olhares; é misturar tudo e afirmar que nada é certo, mas tudo é possível na arena da política. 

É dizer por metáforas que o povo não compreende as delongas judiciárias por falta de preparo intelectual, e assim silenciando qualquer manifesto popular sobre o assunto.
 
Desta forma, aciona o mecanismo de desapropriar a Educação do campo da idealização de uma sociedade politizada. Sem educação para o povo não haverá questionamentos.

 Portanto, a detenção das ferramentas do conhecimento continuará nas mãos de poucos. Seremos, para nossos líderes, apenas eleitores incultos atendendo aos interesses das manobras políticas.


Reflita sobre o assunto!



sábado

As lições que guardamos pela vida toda



Não nascemos sabendo andar, falar, ler, escrever e muito menos com os conhecimentos e as habilidades necessários para viver. Isso significa que alguém nos ensinou tudo: pais, amigos ou professores. Uma boa parcela do aprendizado devemos aos nossos mestres. 

Além das matérias escolares, assimilamos muitas coisas importantes durante a vida escolar.

O meu primeiro professor foi o meu pai. Aprendi a ler e escrever “katakana” e “hiragama” e alguns “kanjis” (alfabeto japonês) quando tinha cinco anos. A didática foi bem simples. Todo dia tinha que copiar cinco letras até preencher uma folha de papel. No começo era muito difícil, mas em dez ou 15 dias estava conseguindo copiar sem grandes dificuldades. Era até muito divertido.

Divertido porque na época e no lugar que nasci e morava não tinha luz elétrica, portanto, sem televisão, sem games. Computador, internet, nem em sonho. Nem fazia ideia de que existiria um dia. Foi o primeiro grande aprendizado.

Quando tinha sete ou oito anos fui estudar na escola primária. A professora separou os alunos em duas turmas. A dos muito “fracos”, ou seja, não sabiam absolutamente nada sobre escrita, sem coordenação motora para escrever, e a segunda, composta de alunos com alguma coordenação motora ou que tinha noções de escrita.

Eu fiz parte da turma dos muito fracos porque não sabia falar e muito menos escrever uma única palavra em português. A professora, percebendo, me fez sentar na primeira fila, bem na frente da sala. Para exercitar a coordenação das minhas mãos, ela precisava segurá-las, me fazendo copiar os símbolos do quadro negro. Falar não adiantava nada para mim.

Era a coisa mais chata, sem graça a fazer. Escrever as letras “a-e-i-o-u” em letra cursiva era fácil, portanto, sem graça e muito chato. Para quem conseguia escrever alfabeto básico japonês aquilo era coisa de demente. Não era nada divertido, nada motivador, tudo fácil demais. Foi este o segundo grande aprendizado.

Lembro o que dizia para a minha mãe quando chegava em casa nos primeiros dias de aula: “Não quero ir na escola de brasileiros, é muito chato. É tudo fácil demais”. Obrigado a ir, continuei, mas no fundo porque gostei da professora. Apesar de muito brava, conseguia me entender e tinha paciência comigo.

A professora logo viu que os exercícios me deixavam aborrecido. Então me mudou de turma: fui para a mais avançada, onde os exercícios eram um pouco mais difíceis. Ainda assim, eram muito fáceis, mas sentia-me bem melhor na turma dos mais avançados. Foi a terceira grande lição da vida.

A quarta grande lição foi com o professor de inglês, no “ginásio”. O professor era padre da igreja católica da cidade, um senhor alemão, que dizia: “Se quer ser lavrador, não precisa estudar inglês” (isto é coisa de mais de 50 anos atrás). Hoje qualquer pessoa precisa de inglês, mas naquela época o mundo era bem diferente.

A primeira lição mostrou que conseguimos aprender mesmo só copiando. Não fazia outra coisa senão copiar os “hiraganas” e “katakanas”, mas em menos de um ano estava conseguindo ler os “mangás” e estava entendendo. Foi muito rápido e divertido.
A segunda lição é que se não tiver pela frente uma novidade, algo desafiador, você não sente motivação. A tarefa acaba sendo chata, sem graça. É preciso que a pessoa ao lado perceba isso e faça mudanças, como fez a professora.

A terceira grande lição foi o reconhecimento. Apesar de tudo aquilo continuar sendo a mesma chatice, senti muito bem pelo fato de estar na turma dos mais avançados. Foi o relatório do dia para a minha mãe. Fui promovido!

A quarta lição é que eu não queria ser lavrador, não porque não gostasse, mas tinha medo porque era muito franzino e sabia que não tinha força física para levantar um saco de café ou amendoim. Se não quisesse ser lavrador tinha que estudar, estudar.

Aos meus professores e professoras, a minha eterna gratidão. Seria possível lembrar de muitas coisas boas e importantes que aprendi com cada um deles. À minha primeira professora, dona Zilda, se eu pudesse, ergueria uma estátua e daria o nome dela a uma praça pública. 

Parabéns e muito obrigado a todos os professores, que dedicam um pouco de si para edificar os outros!

terça-feira

Senado discute valorização do magistério no Plano Nacional de Educação


 No Dia do Professor, a valorização da carreira do docente foi um dos temas da audiência pública na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, convocada para discutir o Plano Nacional de Educação (PNE) para o decênio 2014-2023, que tramita na Casa. A importância de cumprir o piso salarial da categoria e de incentivar a qualificação profissional como formas de contribuir para a valorização dos professores foram itens citados por participantes.

“Temos clareza da importância do piso nacional [do magistério]. É a única categoria que tem piso estabelecido na Constituição. O Ministério da Educação tem defendido que tenhamos um patamar razoável, que seja sustentável para estados e municípios. A meta estabelecida no PNE é que seja um ganho gradativo e sustentável e, ao mesmo tempo, que garanta que a carreira do magistério seja atrativa”, disse o secretário executivo do Ministério da Educação, José Henrique Paim.

A presidenta da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Cleuza Repulho, reforçou a necessidade de tornar a carreira atrativa. “Nos grandes centros metropolitanos, já vivemos a falta de profissionais nas áreas de química, física e matemática e, no máximo em dez anos, não teremos professores alfabetizadores se não garantirmos uma carreira atrativa para que os jovens possam se tornar professores”, disse.

Em relação ao PNE, que está em discussão no Senado, Cleuza Repulho lamentou a ausência de metas intermediárias para orientar o cumprimento dos objetivos do plano, estabelecidos para o período de dez anos. “Temos hoje um momento histórico de crianças e jovens em idade escolar que não se repetirá em nenhum outro momento da história. Precisamos garantir as transformações que todos queremos”, disse.

O secretário executivo do MEC, José Henrique Paim, considerou positiva a meta do PNE que manda levar em consideração o mérito e desempenho e ouvir a comunidade escolar para a nomeação de diretores de escola. “Avança muito o PNE ao considerar que esses itens são importantes para a nomeação do diretor”, diz.

Ao falar sobre o financiamento para a educação, que é alvo de discussão no PNE, Paim disse que o aumento de recursos para a educação deve vir acompanhado de aprimoramento da gestão. “Há uma preocupação com a gestão, com a contradição entre mais recursos e gestão. Precisamos avançar em relação a isso”, avaliou.

Agência Brasil