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sábado

Quem são os alunos nota dez?

Durante muitas e muitas décadas, a sociedade recorreu a um único parâmetro para separar os indivíduos bem-sucedidos dos malsucedidos. A inteligência intelectual - ou seja, o nível de conhecimento e a capacidade de raciocínio, planejamento e resolução de problemas, foi, por muito tempo, o principal fator analisado para que se fizesse essa divisão. O melhor exemplo disso aconteceu (e ainda acontece) nas salas de aula: alunos com boas notas no boletim são muito bem vistos por pais e professores; por outro lado, aqueles com médias mais baixas chamam a atenção, recebem broncas e, com frequência, são considerados menos capazes.
É grande a necessidade de mudarmos esse paradigma. Na infância, em especial, é preciso ficar atento a muitos outros aspectos para identificar os verdadeiros atributos e as dificuldades apresentadas pelas crianças.
Tenho quatro filhos e cada um deles me trouxe uma experiência completamente diferente. Precisei aprender, na prática, a compreender e lidar com personalidades distintas. A minha segunda filha sempre foi uma ótima aluna. Dedicada, tirava notas excelentes. Nascido dez anos depois, o meu terceiro filho seguiu outro caminho. Sua primeira nota vermelha apareceu no boletim da segunda série do Ensino Fundamental; a primeira de tantas outras. Compará-los, ainda que apenas com base no desempenho escolar, nunca foi uma possibilidade. Afinal, além da diferença de idade, meus dois filhos do meio apresentavam talentos e dificuldades muito particulares. As notas me serviam de parâmetro, mas jamais seriam suficientes para que eu avaliasse o desenvolvimento ou o potencial de cada um.
Hoje, quando eles estão na fase adulta, percebo claramente o quanto foi importante dar espaço para que crescessem no seu próprio ritmo e caminho. Com seus atributos tão específicos, eles encontraram as ferramentas de que necessitam para conquistar felicidade e bem-estar.
Compartilho essa história, como disse, apenas para reforçar minha proposta para a educação. É preciso olhar para a criança, observá-la para que tenha a oportunidade de mostrar seus talentos e dificuldades. Essas características, aliás, aparecem naturalmente, desde que nós, familiares e educadores, estejamos de olhos bem abertos. Basta uma simples brincadeira para que possamos observar, por exemplo, se estamos diante de uma criança introvertida ou extrovertida, líder, produtora, mantenedora, entre tantas outras possibilidades.
A capacidade intelectual serve como referência, assim como as aptidões emocionais e físicas. A criança precisa ser vista, não moldada dentro de valores preestabelecidos. Ela nasce pronta para se desenvolver com suas qualidades inatas. E, se puder ser reconhecida, crescerá em todas as suas inteligências. Basta que lhe ofereçamos a oportunidade e o direito de que seja apenas quem e como ela já é.
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segunda-feira

Os problemas não são dos outros

Não é novidade que fazer uso de produtos piratas, além de violar os direitos autorais de seus proprietários, age na contramão do crescimento econômico e da prosperidade do país. No Brasil, 50% dos programas de computador instalados são piratas, segundo estudo da BSA The Software Alliance. Esta atividade impede o crescimento do mercado e, consequentemente, a geração de novos postos de trabalho; além disso, a sonegação de impostos gera a concorrência desleal, uma vez que estes produtos não regularizados implicam, invariavelmente, no subpreço da oferta e, portanto, na captação fraudulenta da clientela.

Outra questão grave fica por conta da exposição vulnerável que os usuários ficam diante da falta de segurança e instabilidade desses serviços que ameaçam a integridade e o bom funcionamento dos sistemas, que não oferecem garantia, aperfeiçoamentos nem suporte técnico qualificado ao usuário.

É neste cenário que as empresas precisam estar cada vez mais atentas para o gerenciamento de softwares de sua organização. A atividade de Outsourcing, ou terceirização, é uma realidade cada vez mais comum, resultado de um mercado aquecido de TI que, segundo dados da IDC, deverá crescer 9% em 2014. Desta forma, um número crescente de empresas tem se especializado na prestação de serviços de terceirização de TI, que se oferece como uma oportunidade relevante de negócios. Entretanto, alguns cuidados precisam ser observados para que a atuação neste segmento do mercado e o crescimento obtido pelas empresas de Outsourcing se sustentem de forma legal.

É preciso estar alerta com os produtos e serviços disponibilizados ao mercado de seus terceirizados, especialmente, quando se tratam de programas devidamente licenciados, porque frente à Lei 9609/98 (art. 2, §5º) e aos padrões ISO de segurança da informação, regulamentados nas normas 27001 e 27002, o cliente precisa acompanhar de perto a forma como o serviço está sendo prestado, não podendo manter um comportamento passivo ou omisso em relação ao conteúdo do Outsourcing, para que não seja submetido a riscos judiciais decorrentes dessa relação. Sim, é de responsabilidade de cada cliente o gerenciamento desses softwares, sejam empresas ou seja o consumidor final.

Os contratos de licença de software normalmente inviabilizam a transferência do programa para terceiros (sublicenciamento, cessão, doação, arrendamento, empréstimo etc), desta forma é fundamental que as empresas de Outsourcing certifiquem-se sobre este direito de uso e busquem com seu fornecedor soluções que observem uma modalidade mais adequada ao negócio de cada cliente. Cada empresa, por sua vez, precisa analisar, minimamente, os seus contratos de serviço, para que não corra o risco de ser punida por uso indevido de propriedade intelectual.

A tendência de adoção desta modalidade de prestação de serviços é crescer, bem como a diminuição de uso de softwares piratas. Estar atento às regras e adoções legais irá ajudar não apenas a regularização dos ambientes de TI, mas principalmente aumentar a concorrência leal, impactando positivamente a economia no país.
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domingo

Ensinar é um exercício de imortalidade

 “Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música
não começaria com partituras, notas e pautas.
Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e
lhe contaria sobre os instrumentos que fazem a música.
Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria
que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas
escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e
as cinco linhas são apenas ferramentaspara a produção
da beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes”.
Rubem Alves

Um dos temas recorrentes na comunidade docente diz respeito à aprendizagem. Sempre ouvimos e falamos sobre aprendizagem significativa, sobre a não aprendizagem dos nossos educandos, enfim, sobre o processo de aprender e ensinar.
Às vezes me pergunto se estamos efetivamente fazendo o questionamento de forma adequada e, se este mesmo questionamento tem nos levado àquelas reflexões que promovem mudanças. O que é a aprendizagem e, o que realmente sabemos sobre ela?
Existem muitas teorias que tratam desse tema. Cada uma delas,  há seu tempo, contribuiu e continua a contribuir com o desenvolvimento dos estudos voltados a melhoria educacional.
Podemos citar alguns pensadores, como Jean Piaget,  que criou a teoria do conhecimento centrada no desenvolvimento natural da criança. Segundo ele, o pensamento infantil passa por quatro estágios, desde o nascimento até o início da adolescência, quando a capacidade plena de raciocínio é atingida. Já para Lev Vygotsky, o professor é figura essencial do saber por representar um elo intermediário entre o aluno e o conhecimento disponível no ambiente. De acordo com Emilia Ferreiro, o aluno não vem para a escola sem saber de nada, ele traz consigo, um aprendizado importante que deve ser aprimorado e contextualizado para promover condições favoráveis as suas necessidades cotidianas.
Para Paulo Freire, o conhecimento é algo a ser construído na coletividade, pelo qual o movimento da ação–reflexão é tida como fundamental. Sua pedagogia se caracteriza por ser dialógica e também dialética. Ele dá sua contribuição para a formação de uma sociedade democrática ao construir um projeto educacional libertador.
Segundo Howard Gardner, representante da Teoria das Inteligências Múltiplas, não se deve cobrar do aluno somente o desenvolvimento da inteligência lógico-matemática e a linguística, pois, o ser humano tem outras competências e, qualquer uma delas pode estar mais evidente que as outras, oferecendo condições de progressão intelectual/produtiva. Diz ainda que o ser humano é dotado de múltiplas inteligências e tem que ser valorizado por inteiro.
Outro pesquisador da educação, David Paul Ausubel dizia que, quanto mais sabemos, mais aprendemos. Famoso por ter proposto o conceito de aprendizagem significativa. Para ele, aprender significativamente é ampliar e reconfigurar ideias já existentes na estrutura mental e com isso ser capaz de relacionar e acessar novos conteúdos.
O que me questiono continuamente é se nós, enquanto profissionais de educação, conhecemos essas teorias no sentido amplo de aplicá-las no nosso cotidiano em sala de aula visando à melhoria da qualidade de ensino.
Há quem atribua a ausência da aprendizagem nas unidades escolares do nosso país, apenas à falta de disposição do educando em aprender, esquecendo que o professor ou professora é  ainda o profissional  que tem qualificação para possibilitar a construção e a reconstrução do conhecimento.  Conhecer e aplicar as teorias de pessoas que passaram anos estudando o comportamento humano nas escolas,  já seria um bom caminho a ser trilhado.
É evidente que a falta da aprendizagem dos educandos não pode ser, de forma alguma,  atribuída somente ao profissional de educação, pois, como já dissemos inúmeras vezes, o educando faz parte do seu meio e o meio também influi na sua capacidade assimilativa, ou seja, como o ser humano é integral não teria como atribuir suas dificuldades de aprendizagem unicamente à escola e aos seus profissionais.
O que gostaria de pontuar é a necessidade de compreendermos as teorias e buscar na nossa pratica cotidiana a melhor forma de aplicá-las para buscar a formação real e integral dos nossos educandos. E como bem disse Rubem Alves: “Eu quero desaprender para aprender de novo. Raspar as tintas com que me pintaram. Desencaixotar emoções, recuperar sentidos”.
E como iniciei este artigo com as palavras de Rubem Alves, terminarei também com um pensamento dele que me encanta pela verdade e singeleza: “Ensinar  é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos  aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais”.


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sexta-feira

Sobre detentos e detentores

As situações dos dois países são, obviamente, distintas. Mas podem servir para levantar ao menos o direito sagrado à dúvida, tão massacrado em tempos de discursos autoritários à esquerda e à direita no Brasil. Enquanto a Suécia fecha presídios por falta de condenados, entre 2012 e 2013 o número de detentos no sistema penitenciário brasileiro aumentou 5,37%. Os dados estão no 8º Anuário de Segurança Pública, divulgado recentemente pela organização não governamental Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Dos 538 mil presos, a maioria, 61,7%, é formada por negros. Pretos e pardos também são os que mais morrem violentamente, representando 68% dos homicídios no país.
O total de vagas nos presídios cresceu em ritmo inferior ao do aumento do número de detentos. Resultado: déficit de 220 mil vagas no sistema. Segundo Renato Sérgio de Lima, vice-presidente do Conselho de Administração do fórum, a morosidade do Judiciário é um dos fatores que agravam a situação. "Temos uma situação em que 40% dos presos são provisórios e estão aguardando julgamento. Essa já era uma situação apontada no último relatório", afirmou Lima, em entrevista à Agência Brasil.
Quase metade da população carcerária - 49% - está em reclusão por crimes contra o patrimônio. O tráfico de drogas responde por 26% das prisões. Presos por homicídio são 12%. Esse percentual também se aplica aos adolescentes em conflito com a lei - 11% dos que estão internados atentaram contra a vida de outra pessoa. De acordo com Lima, há uma distorção na aplicação dessa medida socioeducativa, pois ela só deveria ser aplicada em casos de homicídio ou latrocínio. Atualmente, a maioria das internações é por motivos menos graves.
Pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da Universidade de São Paulo (USP), Bruno Paes Manso diz que é necessário maior rigor no cumprimento das leis de execuções penais no Brasil. "Somos o quarto país que mais aprisiona no mundo. Boa parte dos que estão presos praticou crimes leves, como furtos, tráfico de drogas, são primários muitas vezes, e acabam se misturando com pessoas que estão lá por terem praticado diversos crimes."
Especialistas apontam que Pernambuco, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro têm boas práticas de gestão de segurança pública. "São programas que deram certo por determinados períodos. E por que funcionou? As forças policiais foram integradas, áreas territoriais foram compatibilizadas, houve uso intensivo de informação, aperfeiçoamento da inteligência e participação comunitária", afirmou Bruno Paes. A descontinuidade das políticas públicas, que muitas vezes se tornam marca da gestão de um governo, é fator que pode impedir o desenvolvimento destas boas práticas.
Reformas estruturais do sistema de segurança pública capazes de romper com o modelo atual, ultrapassado e ineficiente, são consideradas fundamentais. Um grande desafio, que precisa ser encarado com o máximo de seriedade pelos governantes.

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quinta-feira

Ponte entre o homem e Deus

O Ecumenismo Irrestrito e total estabelece em nossas vidas uma busca incessante para entender as bases da nossa civilização, onde cada um procura encontrar o seu próprio eu e o relacionamento perfeito com outras pessoas, deste ou de outros mundos. Pois a vida terrena nada mais é que reflexo de outras humanidades. O Ecumenismo em questão abrange todas as crenças e raças dos dois mundos: material e espiritual.
Como afirma Paiva Netto, em seu livro Reflexões da Alma: “Podemos, hoje, falar de Ecumenismo Total, que vai além do Ecumenismo Irrestrito, porque propõe a união deste mundo com o Outro. Afinal de contas, os mortos verdadeiramente não morrem. Eles são, agora, o que seremos amanhã.” O renomado evangelista norte-americano Billy Graham escreveu: “A morte não é o fim, mas o começo de uma nova dimensão de vida – a vida eterna (…) Pela Sua ressurreição dentre os mortos, Jesus demonstrou – sem qualquer sombra de dúvida – que existe vida após a morte”.
Devemos sempre nos aliar a humanidades superiores a nossa. Fazer alianças com Espíritos luminosos que podem nos orientar e nos ajudar nas soluções para os grandes e graves problemas que ainda assombra a Humanidade.
Ao escrever sobre o Ecumenismo Irrestrito, me inspiro no escritor Paiva Netto. Ele olha o mundo com amor, tem a mente liberta das maldades que apavora os homens neste Planeta. Está livre de qualquer iniquidade, das algemas do remorso, por isso fala com propriedade e encanto sobre as bases do Ecumenismo dos corações e Ecumenismo Divino.
Ele está próximo da Espiritualidade Superior, que emana Luz Divindade e ilumina as consciências das civilizações do Universo, elevado a patamar de grandeza superior, tem o coração liberto do ódio, pois sabe que o amor preenche as fendas abertas pelo tempo. O Ecumenismo Divino faz uma ponte entre o homem e Deus, que é o provedor de todas as oportunidades. João, 13: 34 e 35 “Amai-vos como Eu vos amei, somente assim podereis ser reconhecidos como Meus discípulos, se tiverdes o mesmo Amor uns pelos outros.”
 O homem que é capaz de amar com o amor do Novo Mandamento de Jesus, não mais será um ser carnal somente. Como diz José de Paiva Netto, líder da Boa Vontade: “Estamos carne, mas somos Espíritos”, “matéria também é Espírito”. Não somos os únicos no Universo.
Aproveito para sugerir aos leitores o artigo dele: “Matéria também é Espírito.” www.paivanetto.com.br
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quarta-feira

O público e o privado

Sobre a velha rinha envolvendo o público e o privado, dia desses li certas passagens em uma rede social que, em primeiro momento, confesso, me espantou para, em seguida, boquiaberto, ver-me em um transe analítico em que me pus a contemplar a passionalidade dos discursos e que, não raro, fluem com tal grandeza, ordem e rigor que, pelo menos, inviabiliza a compreensão real dos fatos.
Os envolvidos, cada um a seu modo, iam desdobrando argumentos em favor de suas crenças. Dizia um: “Quer saber, por mim, tudo deve ser privatizado porque, todo mundo sabe, que coisa de governo, não presta”; o outro: “Eu acho que se não tem governo, tudo fica melhor”; o primeiro volta à carga: “Se não fossem as empresas, como a gente faria?”; o segundo emenda: “Deus me livre de Estado”. E na linha de um liberalismo nanico e de quinta categoria, o diálogo foi sendo traçado e fiado.
Até pensei em meter o bedelho, mas como as possibilidades de diálogo em uma sociedade profundamente autoritária e burguesa, como a nossa, só diminuem, decidi continuar em meu silêncio reprovador.
Agora, a título de sugestão para os intelectuais de ocasião e que militam fundo nas ondas da internet, gente feita e forjada nos “cursos livres”, acríticos e diários da Rede Globo, ministrados por preletores como Miriam Leitão e Ronaldo Sardenberg, seguidos com módulos complementares de analistas “isentos” como William Waack, William Bonner ou Alexandre Garcia, penso e sugiro que seria importante sair do convencional que, objetivamente, atrofia o cérebro e castra sensibilidades pelos níveis de automatização dos indivíduos e vínculos duros e intensos com os movediços de um cotidiano de muito policiamento e controle.
É que o tempo não é estático, como, aliás, nada o é nessa existência. O tempo muda, as relações são alteradas, a economia tem sua morfologia revista, o trabalho ganha em complexidade, as relações são modificadas e tudo que nos envolve é submetido às leis da dinâmica. Definitivamente, conservar opiniões velhas e carcomidas pelo peso sumário da vida real é uma opção bastante complicada.
Não vou aqui ensaiar defesas apaixonadas do Estado. Não mesmo, mesmo porque esta forma moderna de gestão da vida social carece, conforme se percebe com grande facilidade e em todos os dias, de reformas profundas e que passem pelo crivo definidor e essencial de sua democratização porque, inexoravelmente, Estado que não é democratizado em um sempre; que não é partilhado com o conjunto de sua população; que não afirma sua autonomia ante os amplos e potentes movimentos do capital é por assim dizer, Estado em permanente estado de ameaça. Ameaça concreta e presente a partir de expedientes como o golpe, o levante, a corrupção ou a revolução.
Para os apaixonados, digo que não fazem nada de errado em abraçar esta ou aquela causa. O humilde apelo que vos faço é que possamos qualificar mais esses debates. Solicito que, mesmo fincado em suas certezas de vidro que, pelo menos, se deem ao trabalho do estudo e da reflexão.
Sugiro modestamente a leitura e o consequente debate de obras clássicas e seminais como, por exemplo, Formação Econômica Do Brasil (1959) do paraibano Celso Furtado (1920-2004) e que, como ninguém, explica o desenrolar da estrutura econômica deste País; outra excelente pedida é o magistral trabalho de Caio Prado Júnior (1907-1990), História Econômica Do Brasil (1945) onde a partir de um olhar marxiano reconstrói a própria historiografia brasileira.
Sugiro ainda, o primor do filho de Apipucos (PE), Gilberto Freyre (1900-1987), Casa-Grande e Senzala (1933), obra fundamental para compreender nossos vícios, taras e desejos nem sempre confessáveis, contudo, presentes e definidores do nosso caráter nacional. E finalmente, minha derradeira sugestão é o marco de Raízes  Do Brasil (1936), do historiador Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) que, pelo menos, irá nos apresentar categorias analíticas essenciais para a compreensão do homem brasileiro. Categorias como a do “homem cordial”, esse estranho ser da conciliação e que nos leva para uma confusão oceânica no exercício republicano de distinguir aquilo que é público daquilo que é privado.
São singelas sugestões para a elevação da qualidade de nossas intervenções e que certamente, irão precisar para todos o que é o Estado brasileiro, qual a sua real importância para a composição da vida brasileira, seus vícios e virtudes. Recordo que afinidades ou opções pessoais não fazem ciência, não revelam o real. Isso vem do estudo, da pesquisa e da análise séria, profunda e íntegra. Leva tempo, exige dedicação, envolvimento e seriedade ou não se faz. 

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terça-feira

De olho na natureza

Há algumas décadas, falar de preservação do meio ambiente é ponto obrigatório nas campanhas eleitorais, seja de qual espectro forem - da municipal à presidencial. Excelente seria se os gestos e as políticas públicas acompanhassem o discurso. O que se vê, infelizmente, é pouca ação ambiental. Não se pode, contudo, empurrar toda a culpa para os políticos. A população muitas e muitas vezes padece do mesmo mal: incorporar a fala e se esquecer do gesto. Basta que se dê um passeio pelo centro de qualquer cidade para perceber o descaso de muitos.
Algumas questões são menores, sem dúvida. Quanto a uma das maiores, o Ministério do Meio Ambiente lançou um alerta: as novas Listas Nacionais de Espécies Ameaçadas de Extinção. Segundo o levantamento - produzido por 1.383 especialistas de mais de 200 instituições, entre 2010 e 2014 -, o número total de espécies ameaçadas aumentou de 627, na lista anterior, de 2003, para 1.173.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, se defendeu e argumentou que o avanço ocorreu porque a amostra também cresceu. "A lista cresce porque se conhece mais", afirmou a ministra. A lista anterior contemplava 816 espécies, enquanto o novo levantamento considerou 12.256 espécies da fauna brasileira - incluindo peixes e invertebrados. De acordo com o governo, trata-se da maior avaliação da fauna já feita no mundo.
Segundo a ministra, a metodologia utilizada anteriormente definia como objeto de estudo somente as espécies já consideradas potencialmente em risco de extinção. Embora a lista das espécies ameaçadas tenha aumentado, 170 espécies deixaram de fazer parte da relação, incluindo a baleia jubarte e a arara-azul-grande, ambas com populações em recuperação, segundo a lista.
Os novos resultados também incluem a avaliação de espécies que nunca antes haviam sido descritas, como o macaco-prego-galego. O animal, encontrado na Mata Atlântica nordestina, já entrou na lista como espécie ameaçada. Três espécies consideradas extintas foram reencontradas pelos especialistas: a libélula Fluminagrion taxaense, a formiga Simopelta minina e o minhocuçu Rhinodrilus sasner. Da lista divulgada em 2003, foram excluídos o albatroz-de-sobrancelha e o primata da Amazônia conhecido como uacari-branco - agora protegido pela Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá. Melhoraram de situação espécies como o mico-leão-preto, o peixe-boi marinho e o bacurau de rabo branco, que só existe em Goiás.
Conhecer a situação é o primeiro passo para poder mudá-la. E a mudança depende de todos, não apenas dos governantes. Que cada um, portanto, faça a sua parte, por mínima que seja.

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O drama da insegurança

A população brasileira considera que a falta de segurança e a violência são os principais problemas para que o país consiga oferecer educação de qualidade. A informação vem do levantamento recente feito pelo instituto de pesquisa Data Popular. A sociedade aponta ainda a necessidade da valorização dos professores e funcionários. Os dados da pesquisa foram apresentados na Conferência Nacional de Educação (Conae).

Encomendada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), em parceria com o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), a pesquisa foi realizada em setembro do ano passado com três mil pessoas de mais de 16 anos, nas cinco regiões do país. Para 89% dos entrevistados, há muita violência nas escolas públicas brasileiras. Há consenso quando o assunto é valorização dos professores: 98% avaliam que a profissão deveria ser mais valorizada. “A pesquisa mostra em números o que já sabíamos”, afirmou à Agência Estado o presidente da CNTE, Roberto Franklin de Leão. “A sociedade vê o que está acontecendo, vê que precisamos de mudança”, pontuou.

O levantamento mostra também que há um consenso de que educação é importante para o futuro do Brasil, pois 99% dos entrevistados tiveram essa opinião. A questão foi levada em consideração nas eleições, pois 72% dizem que se informaram sobre educação antes de votar.
Segundo o presidente do Data Popular, Renato Meirelles, as pautas defendidas pelos professores e funcionários de educação são “amplamente defendidas pela sociedade”. Depois da confirmação disso com a pesquisa, o desafio é fazer com que toda a sociedade se embrenhe na luta pela melhoria de condições salariais e de trabalho dos profissionais da educação.

Para 76%, os professores são menos valorizados do que deveriam pela população; 85% acham que os professores são menos valorizados do que deveriam pelo governo. O salário oferecido aos professores da rede pública é considerado ruim ou péssimo para 66% dos consultados. Apenas 8% disseram que é bom.

O levantamento apontou que mais de 80% dos entrevistados estudou ou estuda em escola pública e grande parte teve conhecimento de algum tipo de violência na escola em que estudou. Os entrevistados disseram saber dos seguintes tipos de casos: agressão física (34,8%), vandalismo (22,7%), discriminação (21%), assalto à mão armada (8,5%), violência sexual (5,9%) e assassinato (3,6%). Mais de 40% tiveram conhecimento de agressão verbal. Mudar este quadro é dever de todos: governos e sociedade.

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segunda-feira

A fome fala alto

Passamos por um período de crise hídrica com projeções avassaladoras para a população, tendo como principal chance de solução a boa vontade do meio ambiente, trazendo mais chuvas do que previsto para os próximos meses. E, desse cenário, podemos fazer um paralelo com a realidade financeira de milhões de brasileiros.
"Mas que loucura é essa?", você deve estar pensando. Eu explico: os erros dos governantes, principalmente no Estado de São Paulo, na administração dos recursos hídricos, são os mesmos que vemos em nossa população em relação aos recursos financeiros.
Excesso de confiança
A primeira semelhança é o excesso de confiança de acreditar que está tudo no caminho certo, sem projeções sobre cenários futuros, o que faz com que não se pense em reservas estratégicas, já que a vazão que se tinha era capaz que suprir toda demanda e até mesmo para uma "reserva de curto prazo".
Em relação à captação de água, esse erro gerou a falta de investimentos no que era necessário, assim, ficamos com uma realidade de armazenamento e captação defasada a nossa nova realidade e, frente a uma primeira estiagem, o cenário de caos se instalou, tendo que buscar alternativas emergenciais.
O mesmo ocorre com a população, que não faz diagnósticos periódicos de seus rendimentos e de suas despesas, não percebendo que custos e prioridades se alteram. Isso faz com que não tenham uma noção real da situação financeira, levando ao total descontrole, sem contar que não são feitas reservas estratégicas.
Esperança que a solução caia do céu
Outro erro similar que observo nas duas situações é a negação de que ocorreram erros no passado e buscar jogar a culpa em fatores externos. Isso faz com que a solução também tenha que ser proveniente de fatores que não estejam relacionados às nossas ações.
No caso do governo, o que podemos observar é que, por muito tempo, se negou que o período de estiagem pudesse ocasionar problemas no abastecimento da população, acreditando na sustentabilidade de um sistema ultrapassado. Isso fez com que não se realizasse um prévio racionamento, que diminuiria os impactos no futuro. Posteriormente, a culpa foi passada às condições naturais que não auxiliaram e, com isso, um provável racionamento será muito mais drástico e a esperança ficou simplesmente na mudança do cenário ambiental, com a vinda de mais chuvas.
Para a população ocorre a mesma coisa, muitas vezes, se observa a negação em aceitar que há um problema financeiro, acreditando em uma solução externa, como um aumento ou ganhos extras (até mesmo loterias). Com isso, o problema é deixado de lado e, quando se percebe, a situação é desesperadora, com impactos muito mais sérios para as vidas.
Assimilar o volume morto
O uso indevido de algo sempre traz impactos insustentáveis, e isso pode ser observado claramente na utilização inadequada do volume morto das represas como sendo algo natural e que foi associado à nossa capacidade de captação. Não era! Com isso, mesmo com as chuvas que já vieram, a situação ainda é muito deficitária e, para que haja uma normalização, será necessário um tempo muito maior, sem contar nos estragos que já são irreversíveis.
O mesmo ocorre com a população que assimila os valores do limite do cheque especial e do rotativo do cartão de crédito como se já fizessem parte do orçamento, não percebendo que estão pagando os juros por esse uso indevido. Isso agrava muito mais a situação e uma estratégia para sair se torna muito mais árdua, levando, muitas vezes, a pessoa à falência.

Mudança de comportamento
Enfim, como pudemos observar, a similaridade entre a crise hídrica e a situação financeira de grande parte da população é grande. E as soluções passam, invariavelmente, pelo mesmo caminho, o planejamento. No caso do governo, é fundamental que não ocorra foco apenas em obras emergenciais e paliativas, mas sim em projeções sérias para o futuro; que sejam feitas ações como novas fontes de captação, novos reservatórios e reflorestamento, que possibilitariam melhorias ambientais.
Já para a população, o caminho é a educação financeira, mostrando que as pessoas devem conhecer a situação que vivem, projetar seus sonhos e objetivos e adequar suas vidas financeiras a essa nova realidade, possibilitando a realização de poupanças para o futuro. Enfim, as dificuldades já estão sendo sentidas e o melhor caminho para se tomar é enfrentar com inteligência, não mais se omitindo, e aprender com os erros do passado, projetando um futuro de realizações.

Mas parece que poucos escutam. Veja: a luta por comida no mundo tem chegado a níveis assustadores. Ertharin Cousin, a principal coordenadora do Programa Mundial de Alimentos (PMA) da Organização das Nações Unidas (ONU), afirmou recentemente que pela primeira vez a organização responde simultaneamente a cinco grandes crises. Mais: o PMA oferece apoio ao maior número de refugiados desde o fim da II Guerra Mundial. Terrível realidade. Uma prova a mais de que as barbaridades humanas - sejam praticadas por governos, empresas e até mesmo ONGs - não têm limites.

Em entrevista à Agência France Press (AFP), Cousin disse que o número de pessoas que precisam de ajuda alimentar continua a crescer. Devido à escassez de financiamento e às crescentes demandas das quatro maiores crises humanitárias no mundo, de refugiados e dos países afetados pelo ebola, Cousin contou que o PMA precisou reduzir algumas remessas e distribuições.
Ela destacou as crises no Iraque, na Síria, na República Centro-Africana e no Sudão do Sul, além das centenas de milhares de pessoas afetadas pelo surto de ebola no oeste da África e os mais de 50 milhões de refugiados no mundo.
O PMA é financiado por doações e cerca de 90% de seu orçamento vêm de governos, muitos dos quais enfrentam seus próprios desafios financeiros e domésticos, ela lembrou. "Então nós imploramos que eles continuem a ajudar porque nós vivemos em um planeta muito pequeno e não podemos priorizar uma criança faminta em vez de outra", acrescentou.
Mesmo na Síria, onde o programa elevou o número de pessoas atendidas para 4,1 milhões, após trabalhar durante anos para ampliar o acesso a alimentos no país, será preciso reduzir a quantidade de comida distribuída, informou Cousin. No Iraque, a organização apoia cerca de 880 mil pessoas e tenta chegar a 1,1 milhão.
No oeste da África, a autoridade disse que o PMA está trabalhando com a Organização Mundial da Saúde desde março para fornecer comida aos que precisam de tratamento médico para o ebola. A agência concede alimentos a mais de 185 mil pessoas na região e tenta elevar este número para um milhão.
Cousin também afirmou que o programa ajudou a conter a fome na República Centro-Africana e espera fazer o mesmo no Sudão do Sul, onde não houve época de colheitas. O caso do Brasil, ainda que com inegáveis avanços recentes no combate à fome e à miséria, inspira atenção. Muita atenção.
A voz da fome fala alto. É preciso, urgentemente, ouvi-la.

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quinta-feira

Gerando valor com a sustentabilidade

Hoje está mais claro do que nunca que vivemos em um mundo com recursos limitados. Diversos são os fatores que impactam diretamente o consumo dos mais variados recursos e que passam a exercer enorme pressão sobre os negócios e a sociedade, dentre eles, o rápido crescimento de mercados em desenvolvimento, mudanças climáticas, questões de segurança energética e o consumo e o tratamento da água, que se tornam cada dia mais críticos com a escassez de chuva. Não podemos negar que os governos sozinhos não podem enfrentar esses desafios e muitas vezes não têm a força necessária. Por isso, torna-se essencial que as empresas assumam um papel de liderança no desenvolvimento de soluções que ajudarão a criar um futuro mais sustentável.
No Brasil, as exigências sobre a atuação responsável e sustentável das companhias têm evoluído significativamente, o que exige grande atenção do mundo corporativo. O cumprimento dos compromissos assumidos internacionalmente pelo País em relação à construção de condições adequadas para reduzir impactos sobre o meio ambiente certamente terá de contar com a participação ativa e decisiva das empresas brasileiras. Esse será o grande desafio imposto às grandes corporações nos próximos anos, o que exigirá cada vez mais eficiência na gestão de custos e de processos.
Como consequência deste cenário, aumenta consideravelmente o número de empresas que está reconhecendo que há oportunidades a serem exploradas com a implementação de projetos de responsabilidade socioambiental e que isso vai além dos resultados no faturamento da empresa. Ao alavancar sua capacidade de melhorar os processos, criar eficiências, gerenciar riscos e promover inovação, as empresas, além de contribuir com a sociedade, poderão gerar valor frente ao mercado, investidores e acionistas.
Mas como gerar valor se essas ações não forem relatadas? Por isso, é importante destacar que, sob essa ótica, um outro elemento torna-se tão importante para as companhias quanto realizar ações socioambientais: divulgá-las. Resultado disso é que, no Brasil, aproximadamente 70% das empresas de capital aberto, nos níveis diferenciados (N1, N2 e Novo Mercado) seguem a recomendação da BM&F Bovespa com relação à divulgação de um Relatório de Sustentabilidade ou Integrado, demonstrando um grau elevado de transparência sobre suas práticas de gestão de riscos e de oportunidades. Esse movimento possibilita facilitar o acesso do mercado – especialmente investidores e analistas – a informações não financeiras e reconhecer que elas têm influência crescente sobre as decisões de investimento.
De forma geral, podemos afirmar que o número de relatórios publicados no Brasil tem se mostrado estável após um pico de crescimento na última década. Este índice é condizente com o máximo obtido em países onde o relato de informações socioambientais não é obrigatório por lei. Índices próximos de cem por cento são encontrados somente em locais onde existe algum tipo de compliance (França e Dinamarca com 99% África do Sul com 98%).
Em um momento que questões de sustentabilidade estão no topo das agendas corporativas e governamentais, deixar de realizar ações socioambientais pode fazer uma empresa sucumbir frente aos concorrentes mais engajados. Líderes empresariais precisam se certificar que suas companhias impactem cada vez menos no meio ambiente e recursos naturais e tragam mais benefícios para a sociedade. Tudo isso sem esquecer essa nova dinâmica, na qual comunicar ao público e aos acionistas torna-se essencial na construção do valor da empresa. Não existe mais espaço para a discussão se elas devem ou não elaborar um Relatório de Sustentabilidade ou Integrado. Isto já se tornou uma prática padrão. As perguntas que devem ser feitas agora são sobre o que incluir no documento e como fazê-lo da melhor forma.
Val ressaltar que o relatório é uma ferramenta essencial para a gestão de negócios e não deve ser produzido simplesmente para amenizar potenciais críticas e destacar as boas ações de uma empresa. Ele deve ser o meio pelo qual uma organização coleta e analisa dados que são determinantes no seu processo de geração de valor e de adaptação a mudanças ambientais e sociais no longo prazo, além de ser capaz de convencer os investidores sobre o seu futuro, que deve ir além do próximo trimestre ou ano.
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domingo

Brasil: Desordem e Regresso

Embora superficial e artificiosa (às vezes, incompressível) em seus discursos, a presidente Dilma, no começo do ano, anunciou que a expressão "Pátria educadora" deveria, desde então, conduzir o seu novo mandato. Como era de se esperar, esta foi a "sensação" nas mídias sociais, especialmente porque, através de um decreto, ocorreu um corte de 1,88 milhão, por mês, nas despesas com a educação. É claro, o corte está justificado no desempenho das nossas escolas e dos nossos alunos: a qualidade é ótima e a educação brasileira é uma das melhores do mundo. "Só que não". O pior é que não para por aí.
Neste segundo mês, o governo, novamente, presenteou a nação. Trata-se de um novo aumento no preço da gasolina, chegando, em alguns lugares do País, a incríveis R$3,69 por litro. Assim como os atleticanos fizeram dos gritos vibrantes de "Eu acredito", em Minas Gerais, um hino, agora voltamos a dizer "O petróleo é nosso". Não é, de fato, mas do governo, que faz o que quer; a conta, no entanto, esta sim é nossa.
Como disse o escritor Percival Puggina, "a mentira no Brasil tornou-se direito de todos e dever do estado". Vangloriam-se, com orgulho, de feitos inexistentes, iludindo as massas de manobra. Há quem acredite! Se antes eu soubesse, desejaria que o gigante ainda estivesse dormindo ou, quem sabe, hibernasse.
Ter acordado aleijado e mais fraco que um mísero inseto tem nos tornado cada vez mais escravos de um estado mentiroso e ditador. Somos como Gregor Samsa, da "Metamorfose”, de Franz Kafka, que acordou com patas, uma barata gigante, porque negligenciou sua vida. Contudo, a metáfora ensina indivíduos: perdemos a humanidade quando não nos importamos com o importante; que será que aconteceu ao Brasil? Uma barata gigante ou uma infestação delas?

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quinta-feira

A literatura ante a vida

"Sobre a brevidade da vida", um célebre pensador e advogado romano, chamado Sêneca, afirmava que devíamos nos juntar àqueles que nunca nos abandonam, não causam nossa morte, mas nos ensinam a morrer bem, não levarão nossos anos, mas não nos darão os seus, isto é, os grandes homens do passado, aqueles que compõem um diálogo universal sobre as maiores questões da vida humana. Com efeito, este é o modo humano de viver: a referência e a reverência ao conhecimento dos anteriores que se não tivessem abreviado as questões ou, pelo menos, as estabelecido antes, nos levariam a sucumbir na brevidade da vida. São pessoas que tinham os mesmos desejos de busca da verdade, da justiça etc., e que estão prontos para nos auxiliar a qualquer tempo: são amigos, na melhor acepção da palavra.

O homem ganha em qualidade quando lê e se insere no diálogo universal, pois a literatura, por exemplo, revela-nos as múltiplas possibilidades humanas através dos temas e das personagens, tipos humanos dos mais variados. Aliás, a respeito disso, a pesquisadora Karla Haydê – bibliotecária, psicopedagoga e mestre em Educação – afirma a importância dos clássicos da literatura para a formação, no período infantojuvenil, num mundo de informações em excesso: o continente das obras perenes é fonte não só de conhecimento, mas de sabedoria.

E se cada biografia é sempre um drama, no sentido de ser uma história com seus desenlaces, é na dimensão poética da linguagem, a das possibilidades e das impressões, que se encontra A QUE um homem pode aspirar. Só podemos querer e lutar por um ser que, antes, imaginamos. Em parte, é por isso, por exemplo, que, em Joaçaba, o juiz Marcio Bragaglia, amparado pela lei, decidiu trocar alguns dias das penas de criminosos sob sua responsabilidade pela leitura de clássicos da literatura. No Congresso Nacional de Literatura e História Pessoal (ConaLit), o juiz disse que após ler Macbeth, de Shakespeare, uma detenta disse: "Podem colocar fogo em todas as cópias, mas ninguém mais arranca este livro de dentro de mim". Segundo o Conselho Nacional de Justiça, "dos 200 presos que já participaram do projeto e cumpriram a totalidade de sua pena, houve apenas um caso de reincidência”.

Logo, é útil e saudável que o homem seja apresentado aos clássicos da literatura e incentivado a viajar com Shakespeare e Dante, a visitar o tipo brasileiro com Machado e Lima Barreto, a lidar com o sentida vida através de W. S. Maugham, a tomar conhecimento do seu desconhecimento nos versos de Bruno Tolentino: não evitará que se erre e tropece, mas treinará e “adestrará” a imaginação.

Que motivo há para abreviar a vida e travar desarmado batalhas como quem não tem do seu lado amigos dos mais inteligentes, uma tradição milenar – herança humanizadora, embora, muito frequentemente, tratada como frivolidade? Com efeito, um homem de sucesso não o espera para ficar inteligente, mas o conquista através dela. Não que a cultura literária vá determinar um destino, mas pelo fato de que ela apresenta muitos sentidos para essa viagem que é a vida. Somos nós que determinamos o que seremos – é claro que dialogando com a realidade. Como dizia o poeta Antonio Machado:

“Caminante, no hay camino, se hace camino al andar”.



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segunda-feira

Os cursos técnicos e a entrada no mercado de trabalho

Temos presenciado, de forma maciça, a ampla divulgação a respeito dos Cursos Técnicos bem como uma atenção especial, por parte do Governo Federal, para com esses cursos por meio da criação de novos Institutos e, principalmente, pela oferta, na rede privada, de bolsas de formação oriundas do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC) criado pelo Governo Federal, em 2011, com o objetivo de ampliar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica.
Esse movimento, envolvendo a rede privada, vai completar seu segundo ano em 2015, e, muito desconhecimento ainda paira sobre os futuros e pretensos novos técnicos. Diversas situações, não só dentro do conhecimento como Diretor de Colégio Técnico, como informações e reportagens divulgadas, nos trazem exemplos de alunos que desconhecem o verdadeiro papel de um técnico dentro de uma organização. Depoimentos de “quero aprender a costurar” ou “estou fazendo este Curso para aprender a consertar o meu computador” nos levam a imaginar uma compreensão distante entre o papel dos técnicos dentro do quadro de colaboradores de uma organização daqueles cursos de curta duração que nos ensinam uma atividade específica.
Mas essa compreensão não se restringe somente aos candidatos a Técnicos. O empresariado também precisa compreender o quão importante o Técnico devidamente capacitado é para sua organização. O aprendizado que a empresa internamente dedica aos seus colaboradores, tornando-os especialistas naquelas atividades operacionais, pode e deve ser substituída por uma formação metodológica, profissional, prática e objetiva, por meio de Instituições capacitadas e criadas com esse objetivo.
Para que se dimensione o papel do Técnico é importante refletir sobre a diferença entre
Curso Técnico, Tecnólogo e Curso de Graduação.
O Curso Técnico, que tem duração entre um ano e dois, é um curso de nível médio que objetiva capacitar o aluno com conhecimentos teóricos e práticos nas diversas atividades do setor produtivo. Acesso imediato ao mercado de trabalho é um dos propósitos dos que buscam este curso, além da perspectiva de requalificação ou mesmo reinserção no setor produtivo.
 Este curso é aberto a candidatos que tenham concluído o ensino fundamental e para a obtenção do diploma de técnico é necessária a conclusão do ensino médio. Já o Tecnólogo, cuja duração é de dois anos a três anos e meio, é um curso de graduação que abrange métodos e teorias orientadas a estudos, pesquisas, avaliações e aperfeiçoamentos tecnológicos com foco nas aplicações práticas.
É aberto, como todo curso superior, a candidatos que tenham concluído o ensino médio ou equivalente e tenham sido classificados em processo seletivo (vestibular). Assim como o Tecnólogo, os cursos de graduação, que variam de quatro a seis anos, são abertos a candidatos que tenham concluído o ensino médio e tenham sido classificados em processo seletivo vestibular.
Quem opta por um curso técnico, em geral, quer aprender um ofício e ingressar rapidamente no mercado de trabalho. A compreensão do que é ser um Técnico e a abertura das portas do mercado de trabalho para esse profissional por parte das Empresas são fundamentais. A rápida qualificação, o conhecimento prático, a perspectiva de requalificação do colaborador, ou mesmo a sua reinserção no mercado deve ser compreendida como fator importante de desenvolvimento, por todos os envolvidos nos diversos setores produtivos.
 Mauricio Ribeiro.
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