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sexta-feira

O enjôo

Parei de fazer a minha declaração de imposto de renda. Parei. A aflição que senti ao ver policiais militares agredindo professores me causou enjoo. Enjoo literal, vontade de vomitar. Isso já havia feito com que eu parasse de trabalhar ao final da tarde de 29/04/2015. Fui ao muay thai esperançoso de que os socos, chutes e afins aliviariam o meu estresse. Mas, não.
Jantando com minha esposa, Márcia, a peguei com olhos marejados lendo as notícias que vinham do Paraná, seu estado natal, onde teve toda sua vida acadêmica. Meus olhos arderam também. Educadores saqueados em sua dignidade enquanto tentavam lutar para manter um dos poucos direitos que tinham: uma aposentadoria digna.  
Arde o meu coração ao ter mais uma prova de que o nosso País não é sério. A politicagem, o individualismo, a falta de legitimidade dos nossos parlamentos... Os exageros dos poderes da república que se preocupam em engordar subsídios com verbas indenizatórias imorais... A simbologia da polícia batendo em professores é demais para mim. Profissões coirmãs, que sofrem das mesmas mazelas, colocadas umas contra as outras.  
Os que ganham bem justificam seus salários pelo grau de complexidade e responsabilidade dos seus cargos. Concordo. Mas a responsabilidade de um professor, onde fica? E a responsabilidade social e pessoal de um educador? Todos falam que a educação deve ser prioridade. Mas qual prioridade é efetivamente aplicada? Vemos há décadas que todas as crises orçamentárias estouram nos mais fracos. Mais fracos? Senhor político, educação não era prioridade?   Somente teremos uma sociedade melhor – e isso vai demorar algumas décadas – quando o professor tiver o maior dos salários pagos pelo poder público. O maior!
Ser professor deveria ser o sonho de todos. No momento em que todos almejarem estar com o giz e o quadro-negro às mãos (saudosismo meu), a educação mudará de verdade. A sociedade mudará de verdade. Professores apanhando por ordem do chefe do poder executivo... O enjoo volta. Os olhos ardem novamente. Finalizei minha declaração de imposto de renda. E oro para que os nossos recursos sejam melhor utilizados.   


Rafael Pedroso Colembergue
 Procurador da Fazenda Nacional em Lajeado – RS.
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