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quinta-feira

Substância aponta fadiga cardíaca em maratonistas


Estudos realizados na Escola de Educação Física e Esporte da (EEFE) da USP conseguiram identificar a ocorrência de fadiga cardíaca avaliando os níveis de óxido nítrico exalados pelos corredores no pós-maratona. Os testes foram feitos em 31 voluntários durante a 21ª edição da Maratona Internacional de São Paulo, realizada em maio deste ano.

Ana Sierra, médica do esporte e profissional de educação física, acompanhou corredores do sexo masculino, entre 18 e 55 anos, para investigar as principais alterações do organismo após a realização de maratona. Em sua pesquisa de mestrado, ela já havia observado que, depois da prova, o atleta passava por um período de 15 dias de fadiga cardíaca, sofrendo uma queda na capacidade de seu coração bombear o sangue.

Segundo a pesquisadora, diversos fatores contribuem para que esse fenômeno aconteça, dentre eles a presença de inflamação no pulmão. Esta, por sua vez, leva à redução na capacidade do órgão em fornecer oxigênio, via circulação sanguínea, para todos os tecidos do corpo – incluindo a musculatura cardíaca.

A inflamação dos pulmões foi detectada por meio de análise da quantidade de óxido nítrico exalada pelos atletas. A substância funciona como um marcador da inflamação das vias aéreas – quando presente em maior quantidade na expiração após a corrida, indica o processo inflamatório nos pulmões.

A pesquisadora observou que o aparecimento da fadiga cardíaca ocorreu principalmente nos atletas que tiveram maior variação nos níveis de óxido nítrico entre a primeira e a última medição – foram quatro, no total.
Acredita-se que a redução dos níveis de óxido nítrico é uma adaptação do organismo do atleta frente ao esforço de correr uma maratona. Segundo Ana, essa resposta pode estar ligada ao nível de treinamento do corredor, ou seja, ao quanto ele está preparado para o esforço exigido pela prova.

Outra questão constatada pelo estudo foi alteração na função renal por causa da hidratação inadequada feita pelos corredores durante treinos e provas. Segundo Ana Sierra, é comum ver pessoas bebendo um gole d’água e em seguida jogar o restante na cabeça e se considerar hidratado. A quantidade ideal de ingestão de líquido durante uma corrida depende do peso, sexo, clima, ritmo e da transpiração, porém, em geral, Ana recomenda o consumo de dois a três litros d’água, que devem ser ingeridos antes, durante e depois das corridas.

Orientação profissional
Apesar de ter crescido a procura por assessorias esportivas, ainda hoje muitas pessoas começam a treinar por conta própria e consideram que estão aptas a fazer provas de longas distâncias com pouco treino. O ideal, segundo a pesquisadora, seria que as pessoas passassem no mínimo um ano fazendo treinos orientados para participar de uma maratona.

O profissional de educação física irá planejar o tipo e o tempo de treino, o descanso necessário para recuperação e a capacidade de treinamento, levando em conta fatores genéticos, idade e condicionamento físico.

Antes de iniciar qualquer atividade física, é importante fazer uma avaliação médica, de preferência com profissional da área esportiva, para descartar doenças prévias e, posteriormente ter acompanhamento de um educador físico, lembra.

A maratona, prova de 42 km de distância que acontece atualmente em 98 países atraindo milhares de pessoas de todos os cantos, tem sua origem em uma lenda grega. A história conta que um soldado mensageiro do exército ateniense teria percorrido cerca de 40 km entre um campo de batalha de Maratona e Atenas para divulgar a vitória dos exércitos atenienses contra os persas e que teria morrido logo após ter cumprido a missão.

A Maratona Internacional de São Paulo é um evento bastante disputado por atletas e está consolidado no calendário brasileiro de provas. A edição de 2015 reuniu corredores de vários estados brasileiros e de outros países e teve sua largada no Parque do Ibirapuera.

A pesquisa de Ana Sierra, sob o título “Papel do óxido nítrico na fadiga cardíaca induzida pela maratona”, recebeu prêmio de melhor trabalho na categoria apresentação oral no Congresso Nacional do Departamento de Ergometria, Reabilitação Cardíaca e Cardiologia do Esporte, ligado à Sociedade Brasileira de Cardiologia, realizado em outubro deste ano no Recife (PE).

Além da EEFE, mais cinco instituições estão ligadas ao trabalho: o Instituto Dante Pazzanese, a Universidade Nove de Julho (Uninove), Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Universidade Mackenzie.

Agência USP.
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