Sempre é
difícil nascer. A ave tem que sofrer para sair do ovo, isso você sabe. Mas
volte o olhar para trás e pergunte a si mesmo se foi de fato tão penoso o
caminho. Difícil apenas? Não terá sido belo também?
Nas
sociedades primitivas a educação se acha difusa, integrada ao próprio
funcionamento da sociedade, como tal, de modo que todos educam a todos.
À
medida que os agrupamentos humanos se tornam mais complexos, surgem
organizações especificamente encarregadas da transmissão da herança cultural,
como a escola (se bem que em graus de organização variáveis, conforme as
necessidades).
No
entanto, a educação formalizada não substitui a educação informal que permeia o
tempo todo as relações entre os homens.
A
educação não é, porém, a simples transmissão da herança de antepassados, mas o
processo pelo qual também se torna possível a gestação do novo e a ruptura com
o velho.
Evidentemente
isso, ocorre de maneira variável, conforme sejam as sociedades estáveis ou
dinâmicas.
As
comunidades primitivas resistem à mudança, devido ao caráter divino de suas
crenças; o mesmo aconteceria nas antigas civilizações do Egito e do Oriente,
que eram tradicionalistas.
Já
nas sociedades urbanas contemporâneas a mobilidade é muito menor.
Para
Libâneo educar que advém do latim educare é conduzir a um estado a outro, é
modificar numa certa direção o que suscetível de educação.
O
ato pedagógico pode, então, ser definido como uma atividade sistemática de
interação entre os seres sociais, tanto no nível do intrapessoal como no nível
da influência do meio, interação essa que se configura numa ação exercida sobre
sujeitos ou grupos de sujeitos visando provocar neles mudanças tão eficazes que
os tornem elementos ativos desta própria ação exercida.
Presume-se,
aí, a interligação no ato pedagógica de três componentes:
-
um agente(sujeito cognoscente);
-
uma mensagem, transmitida por conteúdos, métodos, automatismos, habilidades e,
-
um educando (aluno, discente, uma geração deles)
O
que é especificamente pedagógica está na imbricação entre a mensagem e o
educando, propiciada pelo agente. Como instância mediadora, a ação pedagógica
torna possível a relação de reciprocidade entre o indivíduo e a sociedade.
Conclui-se
então que a educação não pode ser compreendida fora do contexto
histórico-social concreto, sendo a prática social o ponto de partida e o ponto
de chegada da ação pedagógica.
No
início do processo, o educando tem uma experiência social confusa e
fragmentada, que deve ser levada a um estádio de organização.
O
professor Demerval Saviani define educação como um processo se caracteriza por
ser uma atividade mediadora no sei da prática social global.
A
fim de não confundir conceitos, convém estabelecer algumas nuanças entre a
educação, ensino e doutrinação.
Educação
é conceito genérico, bem amplo e que supõe o processo de desenvolvimento
integral do homem, isto é, de sua capacidade física, intelectual e moral,
visando não só a formação de habilidades, mas também do caráter a da
personalidade social.
O
ensino consiste na transmissão de conhecimentos, enquanto a doutrinação é uma
pseudoeducação que não respeita a liberdade do educando, impondo0lhe
conhecimentos e valores.
Nesse
processo, todos são submetidos a uma só maneira de pensar e agir, destruindo-se
o pensamento divergente e mantendo-se a tutela e a hierarquia.
Ao
contrário da doutrinação, a verdadeira educação tende a dissolver a simetria
entre educador e educando, pois, se há inicialmente uma desigualdade, esta
deverá desaparecer à medida que se torna eficaz a ação do agente da educação.
O
bom educador é, portanto, aquele que vai morrendo durante o processo.
A
respeito aos dois primeiros conceitos, educação e ensino não há como separar
nitidamente esses dois polos que se complementam.
Educação
é um conceito genérico, mais amplo que supõe o processo de desenvolvimento
integral do homem, ou seja, de sua capacidade física, intelectual e moral,
visando não só a formação de habilidades, mas também do caráter e da
personalidade social.
O
ensino consiste na transmissão de conhecimentos, enquanto que a doutrinação é
pseudoeducação que não respeita a liberdade do educando, impondo-lhe
conhecimentos e valores.
Nesse
processo, todos são submetidos a uma só maneira de pensar e agir, destruindo-se
o pensamento divergente e mantendo-se a tutela e hierarquia.
Ao
contrário da doutrinação, a verdadeira educação tende a dissolver a assimetria
entre o educador e educando, pois, se há inicialmente uma desigualdade, esta
deve desaparecer à medida que se torna eficaz a ação do agente da educação.
O
bom educador é, portanto, aquele que vai morrendo durante o processo. Quanto
aos dois primeiros conceitos a educação e o ensino, não há realmente como
separá-los nitidamente, pois são pontas que se complementam.
Como
se poderia educar alguém sem informá-lo sobre o mundo em que vive?
É
a partir da consciência de sua própria experiência e da experiência da
humanidade que o homem tem condições de se formar como ser moral e político.
Da
mesma forma, toda informação, mesmo que fornecida sem a aparente intenção de
formação, ao ser assimilada pelo educando, interfere na sua concepção de mundo.
E, com frequência, a informação pretensamente neutra, está em verdade, eivada
de valores.
Até
agora, parece que a práxis educacional, sendo intencional, será mais coerente e
eficaz se souber explicitar de antemão os fins a serem atingidos no processo.
Retomando
a história, vemos que a Grécia dos tempos homéricos preparava o guerreiro, na
época clássica, Atenas formava o cidadão e Esparta era uma cidade que
privilegiava a formação militar.
Na
Idade medieval, os valores terrenos eram submetidos aos divinos, considerados
superiores e, assim por diante.
Seguindo
esse raciocínio, sem dúvida, teríamos muita dificuldade em determinar com
segurança quais os fins da educação no mundo contemporâneo: quais valores se
encontram subjacentes ao processo?
Se
tal elucidação é relativamente simples quando é feita a
posteirori, mostra-se a problemática, quando queremos definir os
fins.
Revela-se
inadequada a procura de fins tão gerais, válidos em todo tempo e lugar.
Mas, é preciso analisar os fins para uma determinada sociedade e, ainda assim
estar atento para os conflitos a esta inerentes, onde existem classes sociais
com interesses divergentes, os fins não podem ser abstratamente considerados.
Da mesma forma que não como analisar os fins da educação presentes em um país
desenvolvido, aplicando as conclusões aos países em desenvolvimento.
Existe
outro busilis, a partir de considerações realizadas por
Dewey, para quem o processo educativo é o seu próprio fim (o fim não é prévio,
nem último, porém deve ser interior à ação).
No
viver diário e cotidiano, na vida, atividade e fim se confundem. Os pais criam
seus filhos para se tornarem adultos? Ou a sua criação é parte da vida deles e
dos seus próprios filhos?
Isso
significa que a educação não deve estar apartada da vida e nem é preparação
para vida, mas é a própria vida, em si mesma.
Não
sendo os fins exteriores à ação, não quer dizer que a ação se realize sem a
clarificação dos fios e, sim que esses devem ser compreendidos como objetivos
que se colocam a partir da valoração por meio da qual o homem se esforça para
superar a situação vivida.
Por
isso, as necessidades humanas devem ser analisadas concretamente e, as
prioridades serão diferentes se nos propusermos a educar em uma favela ou em
bairro de elite.
Portanto,
os fins se baseiam em valores provisórios que se alteram conforme alcançamos os
objetivos imediatos propostos e, também enquanto muda a realidade vivida.
A
educação não está à margem da história, revela-se por ser apenas no contexto em
que os homens estabelecem entre si as relações de produção da sua própria
existência. Dessa forma, é impossível separar a educação da questão do poder:
afinal, a educação não é processo neutro, mas se acha comprometida com a
economia e a política de seu tempo.
A
ideologia consiste na imposição dos valores de uma classe (portanto seus
valores particulares) a outra, como se estes fossem valores universais. Assim,
para o colonizador lusitano, o bom índio era aquele que era submisso, disposto
a trabalhar de acordo com o padrão europeu e se tornar cristão, abandonando
suas crenças e culturas, consideradas atrasadas.
Por
isso, a educação não pode ser considerada apenas um simples veículo transmissor,
mas também um instrumento de crítica dos valores herdados e dos novos valores
que estão sendo propostos. A educação abre espaço para que seja possível a
reflexão crítica da cultura.
À
guisa de conclusão, convém relembrar a importância fundamental da formação do
educador, para que a superação de contradições seja realmente possível com
maior grau de intencionalidade e compreensão dos fins da educação.
Nos
tempos que vivemos contemporaneamente, algumas tarefas se mostram urgentes e se
impõem. A principal destas é que tenhamos força suficiente para tornar nossa
sociedade mais justa e menos seletiva.
E,
tornar a educação verdadeiramente universal, formativa de forma que socialize a
cultura herdade, disseminando a tolerância e dando a todos os instrumentos de
crítica dessa mesma cultural, só será possível pelo desenvolvimento da
capacidade de trabalho intelectual e manual integrados.
A
educação deve instrumentalizar o homem como um ser capaz de agir sobre o mundo
e, ao mesmo tempo, compreender a ação exercida.
A
escola não é a mera transmissora de um saber acabado e pronto e definitivo, não
devendo, pois, separar a teoria e prática, e nem a educação da vida. A escola
ideal não separa cultura, trabalho e educação.
Aproveito
para prover um pequeno vocabulário etimológico (onde quase todas as referências
são latinas):
Aluno
- alumnus, isto é, criança nutrida no peito. Daí
pupilo, discípulo.
Aprender
- apprendere: agarrar, apanhar, segurar,
apoderar-se. Daí tomar conhecimento, prender na memória, apoderar-se do saber.
Educar
- a) educare: criar, amamentar.
b) educere : levar para fora, fazer sair, tirar
de : dar à luz, produzir.
Daí
indicar o caminho para aprender.
Ensinar insignire:
assinalar, distinguir, colocar um sinal, mostrar, indicar. Daí indicar o
caminho para aprender.
Instrução
- instructio - onis: construção, edificação.
Mestre
- magister o
que comanda, dirige, conduz.
Pedagogo
do grego padigogós (pais, paidos = criança e agogós-
guia condutor) escravo que acompanhava as crianças à escola, depois, mestre,
preceptor.
Saber- sapere ter sabor, agradar ao paladar,
saber, conhecer, aprender.
texto
- textum -
tecido, pano, obra formada por várias partes reunidas.
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